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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Denúncia, Mãe Barracordense chora a perda de seus filhos para o "Crack"

Aquela senhora humilde, sofrida, a perambular pela cidade em busca de uma solução para o problema de seu filho, que é viciado em crack me chama a atenção. Pergunto a ela como está sendo a sua vida depois que passou a conviver com esse drama. M.A.V.S., viúva, 56 anos, me olha, com um olhar de quem busca no infinito um sopro divino que atenue as suas angústias mais profundas, e baixa a cabeça, sem conseguir olhar em meus olhos. Talvez para esconder alguma lágrima que possa denunciar o inferno por que está passando, como se a própria condição de penúria e miséria extrema já não fosse o suficiente. E fala. Fala com o coração aberto. Um relato verdadeiro, de uma crueza de assustar, sem rodeios ou subterfúgios: “Eu sofro, seu menino. Eu sofro. Tenho dois filhos viciados. Depois que se viciaram quebraram tudo que tinha dentro de casa. Perderam o juízo. Perdi meus filhos. Oh! meu Deus! Perdi meus filhinhos...( e chora! ). Já corri de casa feito louca. Caí no meio da rua e o povo me acudiu. Me atacou uma depressão. Eu olho pro céu, perguntando o que eu vou fazer, como vou resolver isso e não encontro resposta. Passo dias e dias andando pro CAPS pra conseguir um encaminhamento para uma internação em São Luis. É uma luta meu amigo. Nem queira saber. Se aqui na Barra tivesse uma clínica pra recuperação desse povo que usa droga seria um alívio para as mães que carregam essa cruz. Um dos meninos fala a toda hora de me matar com um pau se eu não der dinheiro pra ele comprar o negócio dos infernos que chegou aqui na Barra. O outro só não quebrou a geladeira porque eu amarrei na parede. Um é mais calmo, quando dá a crise fica na rua andando pra cima e pra baixo. Já o que é mais violento sai gritando, correndo, pedindo socorro, aperreado. Não tem sossego, se entorta todo, fica se contorcendo, se babando. É um horror. Eu crio quatro netos com dificuldades. Já to preocupada com eles, de como vai ser, presenciando essas coisas dentro de casa. Meus filhos já foram presos três vezes. Eu mesma chamei a polícia. Chamei sim, pois, o que é que eu vou fazer? Minha esperança é chegar na Barra uma coisa séria, dura, aí tenho certeza de que não fica desse jeito. Os vendedores do crack iam ficar com medo aí paravam de vender. Semana passada eles quebraram uma estantezinha de madeira que eu tinha, e os pratos. Arrebentaram tudo. Não tenho mais nada, só o dia e a noite. Eu era uma mulher forte, trabalhava na roça lá no interior, agora eu tô com uma agitação no meu juízo. Chego a tomar quatro tipos de remédios diferentes. Além da depressão tenho uma senhora de diabetes, problema de pressão baixa e labirintite e todo dia eu tenho que tomar esses remédios. O pessoal diz que ainda sou uma mulher forte, pelo que eu estou sofrendo, pois eu ando sem comer nem dormir direito. Eu tenho muito medo do pessoal matar eles no meio da rua. Tem um que só pensa em brigar com os moleques. Esse chega em casa todo arranhado e sujo, aí me persegue pelo dinheiro que eu recebo do meu auxilio-doença. Ele me bate, me agride, até que eu perco as forças e o juízo e dou pra ele todo o dinheiro que eu trouxe do banco. E ele pega e sai pra comprar droga com cachaça e some no mundo. Olhe seu moço, eu tenho medo de matar ou morrer... o meu sofrimento não é fácil. Aqui já era pra ter um lugar para internar esse pessoal. Aquilo é uma droga do satanás! no Piquizinho em uma mulher que tem um filho do mesmo jeito. Ontem eu soube que um filho esfaqueou o pai lá na Cohab. Eu queria que alguém ajudasse os pais. Eu imploro a Deus todo dia, e peço para ser atendida. Eu tô sabendo que tem muitas mães sofrendo. Não é só eu não. Aqui na Barra ta cheio de gente viciada. Já deu vontade de amarrar os meus filhos dentro de casa. Mas isso não resolve. Prá que? Para me processarem? Precisa de uma providência grande para ser tomada em Barra do Corda. Depois vai ser tarde. Em São Luís tem as clínicas. E aqui bota aonde? Aqui na Altamira tem uma senhora, gente da alta, que ta com esse mesmo meu problema, o filho dela quando passa o efeito da droga ele fica se mordendo todo, igualzinho ao meu. Se as autoridades não tomarem providencias logo aqui vai ficar igual a São Paulo. Lá virou uma peste, eu vejo na televisão todo dia. Não tem mais controle. A polícia largou de mão. Se eu soubesse onde fica essa laia que mexe com isso eu ia atrás pra dar uns tabefes, pra ver se deixavam meus filhos em paz!” M.A.V.S. ainda encontra forças no fundo de sua alma para ser solidária: “Eu tenho muita pena das outras mães que estão passando também pelo que eu estou passando. Se eu souber e puder ajudar eu nem conto até dois, eu ajudo mesmo”. Que grande mulher esta senhora. Um exemplo de vida e dignidade! A camiseta de malha que usa, já surrada, traz a imagem de um pássaro com a palavra Felicidade estampada. Que ironia!

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